Ato nacional em defesa da Caixa chama atenção para o ataque que o banco vem sofrendo

O ato nacional em defesa da Caixa, que ocorreu nesta sexta-feira (18), na capital paulista, teve como palco as agências que administram o saque do FGTS para pessoas que não têm conta na Caixa e coincidiu com ataque do presidente da Câmara dos Deputados contra o fundo. A data foi escolhida em razão do início dos saques do FGTS para as pessoas que não têm conta na Caixa. A medida do governo Bolsonaro para tentar estimular a economia fará as agências abrirem mais cedo – a partir das 8h – e aos sábados.

A ocasião marcou o pré-lançamento da campanha “A Caixa é Toda Sua”, em São Paulo. A iniciativa da Fenae, Contraf-CUT e sindicatos irá reforçar para a população, por meio de peças publicitárias veiculadas na mídia, a importância da Caixa para a vida dos brasileiros. A campanha será lançada oficialmente no próximo domingo (20). Os dirigentes dialogaram com a população e distribuíram material reforçando a importância da caixa para o país como o único banco 100% público responsável pela administração de uma série de programas sociais e benefícios como Bolsa Família e Minha Casa Minha Vida e o próprio FGTS.

“É fundamental que todos os empregados se envolvam na campanha e conversem com amigos, vizinhos e conhecidos sobre a importância da Caixa para a vida da população”, afirma Sérgio Takemoto, vice-presidente da Fenae e empregado da Caixa.

Sucateamento da Caixa
Os saques do FGTS implicarão em um aumento exponencial do atendimento ao público pela Caixa. Contudo, há anos a Caixa vem sofrendo um processo de sucateamento por meio da redução do número de empregados. O banco perdeu mais de 17 mil empregados desde 2014, passando de 101 mil trabalhadores para os atuais 83 mil devido aos diversos planos de aposentadoria incentivada, promovidos no governo Temer e Bolsonaro.

Não é só com a redução do número de empregados que a Caixa vem sofrendo. O principal banco de varejo totalmente público também está sendo fatiado, com a venda de ativos estratégicos como as ações da Petrobrás e do IRB e a tentativa de venda para o setor privado de ativos como as loterias instantâneas (Lotex), que hoje financiam programas nas áreas da educação, esporte, cultura, segurança e saúde. Além disso, partes mais rentáveis do banco veem sendo preparadas para venda, como a gestão de ativos de terceiros, seguros, e Caixa Cartões.

 “Hoje começa o dia de pagamento dos saques do FGTS que, no momento, representa o símbolo dos ataques contra a Caixa. A declaração do Rodrigo Maia reforça esses ataques contra o fundo e o banco público, ambos responsáveis por injetar bilhões nos municípios, inclusive naqueles que o elegeram”, afirma o vice-presidente da Fenae, Sérgio Takemoto.

Rodrigo Maia afirmou que R$ 7 bilhões do lucro anual da Caixa Econômica Federal são “roubados” do trabalhador por meio da taxa de administração do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS).

Para o deputado, o rendimento do FGTS não deveria ser utilizado pelo governo para subsidiar programas sociais, como o Minha Casa Minha Vida. “Não é justo que o dinheiro do trabalhador, que é sócio deste fundo imenso que é o FGTS, seja usado como subsídio para construir a casa de outra pessoa”, disse Maia em entrevista ao programa Poder em Foco, do SBT, na madrugada desta segunda-feira, 14.

FGTS cobiçado pelos bancos privados
Administrado pela Caixa, o FGTS sofre constante assédio dos bancos privados, interessados em lucrar com os R$ 413,8 bilhões de saldo em conta.

Além de ser um seguro para o trabalhador no caso de demissão, o FGTS é um dos maiores fundos de investimento em políticas públicas do mundo, que favorece justamente a população de mais baixa renda. Apenas em 2017, o fundo investiu R$ 63 bilhões nas áreas de habitação (R$ 59,1 bi), saneamento básico (R$ 3,9 bi) e infraestrutura (R$ 277 mi).

Os bancos privados já geriram o FGTS até 1990, quando uma lei centralizou a administração dos recursos na Caixa. O dinheiro do trabalhador ficava depositado nos bancos de forma pulverizada, o que resultou em diversos casos de má gestão dos recursos, acarretando em prejuízos para o fundo e para o governo.

O FGTS era gerido e administrado por um Conselho Curador composto por 24 membros de entidades representativas dos trabalhadores, dos empregadores e representantes do Governo Federal. Mas um decreto do governo Bolsonaro reduziu a participação da sociedade na administração do fundo.

“A declaração do deputado revela todo seu desconhecimento ou má fé com relação à Caixa e ao FGTS, porque o banco administra há décadas o fundo com seriedade, transparência e credibilidade. Por isso estamos fazendo esse grande ato em sedes do FGTS e da Caixa, e é fundamental que todos os empregados se envolvam nessa mobilização”, reforçou Takemoto.