Falha no sistema prejudica clientes e expõe falta de investimento do banco

Uma instabilidade no sistema do Santander expôs falhas e a falta de investimento do banco quando se trata de atendimento aos clientes. A ocorrência atingiu o aplicativo para smartphones, site, máquinas de cartão e agências, segundo o site CanalTech.

As primeiras reclamações começaram a surgir no Twitter por volta do meio-dia, da quarta-feira 24, e a falha durou até quase o início da noite. A conta oficial do Santander na rede social respondia apenas que a instituição enfrentava problemas, porém, quem precisou utilizar o banco acabou ficando com o prejuízo.

Essa falha expõe novamente o descaso do banco espanhol quando se trata de investimento. O banco demite e não repõe vagas, deixando agências sem funcionários e repassando o serviço para o próprio correntista.

“Em 2018, apenas com tarifas, o banco cobriu 185% da folha de pagamento incluindo a PLR. O Santander tem um pacote de serviços com uma das tarifas mais caras do sistema financeiro nacional. De 2010 a 2017, o reajuste das tarifas foi de 96%, segundo o Banco Central, e não é a toa que ele ocupa o 1° lugar no ranking de reclamações no próprio BC”, critica Lucimara Malaquias, diretora do Sindicato e funcionária do banco.

Ela ainda comenta que mesmo pagando um preço muito alto, os clientes sofrem com panes sistêmicas, falta de funcionários nas agências e aplicativos pouco eficientes.

"O slogan `simples, pessoal e justo´ nunca esteve tão longe da realidade. O banco explora a população e funcionários, mas quer melhorar a imagem com uma prática pior ainda ao obrigar os trabalhadores a atuarem como voluntários nos finais de semana. Isso é um absurdo! O banco teve um lucro de 12 bilhões e tem um sistema ineficiente e desrespeitoso com clientes e trabalhadores”, ressalta a dirigente.

Educação vem de casa
O banco está maximizando a tecnologia através das plataformas digitais, o que não contempla todos os clientes e compromete a prestação de serviços.

“Há muitos clientes que não têm informações claras do valor cobrado e nem do pacote de serviços a que ele tem direito. Isso pode trazer vários riscos para o correntista e muito lucro ao banco”, diz Ione Amorim, economista do Idec (Instituto de Defesa do Consumidor).

A economista ainda critica a maneira com que o Santander quer ensinar sobre educação financeira. De acordo com ela, o que o banco faz na prática vai contra a sua própria propaganda. 

“O banco oferece uma facilidade e uma oferta extensa de produtos que dão crédito a quem, às vezes, não precisa ou não tem o perfil. A meu ver, isso não faz parte de uma educação financeira. A falta de informações não permite ao cliente avaliar o alto risco ao adquirir tal produto. O banco quer lucrar cada vez em cima de quem é leigo no assunto,. Se realmente quer fazer educação financeira, ele precisa começar fazendo o dever de casa. Ou seja,  reduzindo o valor das tarifas e das taxas de juros no próprio banco”, finaliza.